terça-feira, 28 de agosto de 2012

desejos matinais #21


Desejo o sabor do teu beijo quente e eterno
O envolver das nossas línguas numa dança louca e fugaz
O sentimento que nos devora as entranhas e se enraíza no nosso âmago mais profundo
Sequioso de ti procuro-te nos nossos momentos clandestinos
Quero-te simplesmente.. E dessa amplitude de te sentir e querer.. Alimento-me para viver

terça-feira, 21 de agosto de 2012

re-encontro



"Despe-te completamente.."
Disse-lhe sentado confortavelmente olhando para ela, enquanto ela retirava a camisa branca e a saia preta cintada, e começava a gatinhar de olhos postos em mim em direcção à sofá.
"Sim Senhor.."
Sussurrou, enfiando os polegares nas suas cuecas de renda pretas, fazendo-as deslizar num gesto suava da anca até aos tornozelos, pisando-as à medida que gatinhava, deixando-as no chão, dispersas como o resto da roupa já espalhada pelo chão de madeira do quarto.
Em vez de subir para o sofá, parou cravando os joelhos no chão e começou por me beijar as mãos numa tentativa de me agradar e mostrar a sua submissão.
Parou os beijos ali, e seguiu com a cabeça para a minha virilha, beijando-me suavemente por cima das calças, ao mesmo tempo que afagava com as mãos, disse-me "Espero agradar-lhe Senhor.. Diga-me quais os seus desejos hoje.."
Esboçou um sorriso ao ouvir-me rir suavemente, e disse-lhe "Quero que me dês prazer.. Como tu sabes que eu gosto que tu me dês.."
Agarrei-lhe nos braços pequenos e de pele branca firmemente e puxei-a para mim com a facilidade como um adulto pega numa criança ao colo, e enquanto me levantava elevando o corpo dela no ar, e ela, ao mesmo tempo enrolando na minha cintura as pernas e os braços à volta do meu pescoço ficando perfeitamente encaixados um no outro.
"Portáste-te bem hoje? Fizeste tudo o que eu te ordenei?"
Ela beijando-me o pescoço suavemente, passando com a lingua no lobolo e no exterior do meu ouvido respondeu num tom de voz ofegante "Sim Senhor, fiz tudo. Obedeço-te como a putinha que sou. Mereço a minha recompensa?"


desejos matinais #20


Deslizo uma pedra de gelo pelo teu corpo nu deitado ao meu lado.. Sirvo-me dele como tela em branco pronta para desenhar os meus desejos em ti.. Com traços de luxuria intensa descrevo pormenorizadamente linhas e curvas compostas de rastos de agua que a tua pele delicada absorve sequiosa.. Espelho em ti a força intensa do desejo que despertas em mim simplesmente por te ter ao meu lado entregue a mim..

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Poema em linha reta


Poema em linha reta

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.